Um dos conflitos do século XXI é que a lâmpada fluorescente é mais econômica, gasta menos elementos naturais e está mais próxima da nossa necessidade sustentável, mas, por outro lado, é tóxica e química, considerada “lixo especial”, a maioria de origem residencial.
Quando utilizamos as lâmpadas fluorescentes favorecemos a preservação do ambiente, mas também aumentamos a possibilidade de queimá-la e descartá-la inadequadamente. Podemos considerar uma agressão ao meio ambiente o envio destas lâmpadas para lixões (aproximadamente 49,27% do lixo nacional tem como destino final os lixões), onde existe a contaminação tanto para cima quanto para baixo (do ar e dos lençóis freáticos) ou quando jogamos na rua, sem cuidado algum, permitindo que se quebrem no manuseio pelo coletor ou acidentalmente por alguma pessoa.
O mercúrio, substância presente naquele pó branco no interior das lâmpadas, pode atingir os lençóis freáticos contaminando nossos rios, matas e animais. Nos lixões ocorre a liberação do chorume durante o processo de decomposição. O chorume é um líquido espesso, de cor escura e de mau cheiro, que carrega diversos poluentes tóxicos presentes no lixo, entre eles, o mercúrio das lâmpadas fluorescentes descartadas de maneira errada.
É inevitável a contaminação dos lençóis freáticos próximos a lixões. Quando atinge rios e peixes ocorre um processo chamado “bioacumulação”. De forma resumida, é quando o tecido do peixe absorve o mercúrio, por exemplo, e potencializa seus efeitos. No ser humano, o mercúrio pode causar lesões cerebrais e neurológicas, dores de cabeça, colapsos, delírios, convulsões, dermatite, elevação da pressão arterial, entre outros.
Este efeito degenerativo na cadeia alimentar, na qual o homem ocupa o topo, tem maiores conseqüências, por exemplo, quando uma mulher grávida se alimenta destes peixes infectados. Seu filho em gestação estará mais sujeito e exposto aos problemas ocasionados pelo mercúrio.
Lembre-se, portanto, de sua responsabilidade social ao jogar fora as lâmpadas fluorescentes. Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), lâmpadas fluorescentes são classificadas como lixo da classe 1, perigosos, da subdivisão de infectantes e principalmente de origem domiciliar especial (em grande escala).
Fico revoltado ao ver jovens desorientados quebrando estas lâmpadas expostas nas ruas como se fossem lixo comum, apenas por uma falsa sensação de diversão, como aconteceu recentemente na cidade de São Paulo.
Os responsáveis pelo descarte inadequado possuem tanta culpa quanto aquele cidadão, jovem ou não, que expõe a vida de alguém aos males causados por estas substâncias. O domínio da tecnologia e das reações químicas deve ser usado para nosso benefício. Diversos produtos do dia a dia são compostos por elementos tóxicos, corrosivos, infectantes, radiativos, entre outros. Devemos, então, assumir nossa responsabilidade pelo descarte adequado destes produtos e devemos saber lidar cada vez melhor com os avanços tecnológicos se sucedem dia após dias.
Faça a sua parte, ser sustentável também é usar de forma consciente os benefícios da tecnologia.
Flávio Paschoal é consultor de marketing e ambientalista